sexta-feira, 12 de março de 2010

O que é real?


Pesquisando sobre hiperrealidade, simulação, simulacros, verdade, niilismo acabei me questionando sobre o que é verdade, o que é real, o que é irreal, e acabei jogando no google a frase, "o que é real?" e logo uma das primeiras respostas que ele dá é referente a uma pergunta feita no yahoo respostas, "O que é real e o que é irreal, porque viver uma vida tão cheia de tribulações?" achei interessante a pergunta e fui ler a resposta, que para minha surpresa é muito mais interessante que a pergunta, segue a resposta.

"Primeiro, como nos disse Lacan "O real não existe", tudo que você vê e com o que você se relaciona é uma impressão simbólica na sua relação com o objeto.
Por exemplo: quando você olha para uma mesa, o que você enxerga é o objeto mesa (aquele que serve para as pessoas sentarem-se à sua volta para fazerem milhares de coisas) e você não enxerga exatamene o material com o qual ela foi construída, ou seja, você não vê ali madeira e sua celulose, a fórmica, ou o metal e seus átomos e etc. Você olha aquele objeto, sob aquela forma e o enxerga como mesa e o utiliza para essa finalidade-mesa.
Tudo é relativo, mas tudo mesmo, até mesmo no âmbito do que é real e irreal. Real ou irreal para quem, sob quais aspectos, a partir de qual ângulo ou enfoque?
Mas vamos deixar esta discussão metafísica e psicanalítica um pouco prá lá, e vamos falar do que penso você esteja querendo falar.
Por vezes sua realidade lhe parece irreal?
O que lhe deveria parecer irreal lhe ocorre na realidade cotidiana de sua vida?
E tudo isso lhe causa "tribulações", como você diz?
Ora, a vida das relações humanas, como um todo, na realidade não passsa de uma grande ilusão que nós mesmos construímos, elaboramos e pintamos para, a aprtir dessa abstração, nos relacionarmos. Quando se nos apresentam certas dificuldades de interação com essas abstrações do relacionamento humano, é porque não o estamos admitindo para nós mesmos, ou não estamos interessados em participar do jogo, ou não pertencem à nossa "ralidade" próxima, ou ainda podemos estar querendo atribuir uma concretude ou solidez a conteúdos e elementos que não possuem essa característica possível.
Por exemplo: você gostaria que alguém com quem você se relaciona lhe fosse mais "real" (segundo sua concepção de "real", mas não necessariamente a dele), tivesse mais "o pé no chão", não "voasse tanto", enfim, não fosse "tão irreal" (segundo tamém a sua concepção de irreal) como ele é ou às vezes parece ser.
Contudo, há que considerar, que "aquela irrealidade dele" é na verdade a realidade dele e não a sua. O que importa é a verdade do sujeito, e não seu parecer sobre ela. E as tribulações começam quando não queremos admitir isso, ou insistimos em impor nosso ponto de vista, nossas perspectivas, a partir de onde pensamos e de onde estamos, e não da posição e ótica do outro que nos é.
O que é real para você pode para mim não passar de uma doce ilusão sua, quando o vejo inserido nessa realidade sua (e que não é a minha). E o que para você lhe parece irreal em mim, pode na verdade ser a mais pura manifestação de minha realidade vivenciada por mim (e não por você). Portanto, as tribulações a que você se refere, nada mais são que os desencontros de perspectivas causados por estas diferenças do olhar: tanto do meu quanto do seu, em relação a um mesmo objeto.
Toda história tem pelo menos duas versões e até mesmo a verdade possui dois ângulos. Portanto, tudo é relativo. Logo, precisamos relativisar tudo, e a partir de um contexto em que se está inserido, tanto o objeto, quanto o olhar, quanto quem olha. E ainda assim precisamos considerar quem olha, a partir do lugar de onde olha e para onde olha: sou eu quem olho? do meu lugar de ser humano ou do meu lugar social no qual estou inserido? a partir de minha condição de pai, de filho, ou de marido? do meu lugar que a mim atribuo ou do lugar onde você me coloca?
Viu como tudo é relativo?
Portanto, responder-lhe o que é real e o que é irreal é muito difícil, relativo e depende de tudo isso que acima lhe apontei.
Contudo, quanto à questão "porque viver uma vida tão cheia de tribulações?" pode não ser tão simples responder e tudo que eu lhe disser será a partir de minha fantasia, do meu olhar (do lugar aonde me encontro), e resultante de minhas vivências e percepções, o que não necessariamente irá coincidir com as suas. Mas a grosso (e objetivo) modo eu lhe ofereceria algumas opções possíveis a esta resposta: por prazer, por buscas erradas, por falta de melhores opções, por falta de se lhe dar um outro enfoque, por não conseguir se mover do lugar onde se encontra por si mesmo ou que por outro tenha sido ali colocado; por ser imensamente importante a si (e lhe ser isso inconsciente) viver dessa forma e a ela se submeter num círculo vicioso, negando-se a remeter-se para um círculo virtuoso que lhe oferecesse outras opções; e por uma infinidade de alternativas e "explicações" possíveis.
Mas como tudo na vida não passa de uma grande ilusão que é por todos compartilhada (mais ou menos como se viu em Matrix, o filme), escolha o lado que mais gosta e que melhor se revete para você em gozo e desfrute: o real, ou o imaginário (irreal).
Um abraço,"



Gui Ubá

Obs: Vou pesquisar mais sobre Jaques Lacan! ;)

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