quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Baudrillard sobre Las Vegas


Las Vegas é a maior cidade do estado de Nevada nos Estados Unidos, em espanhol significa "pradaria".
A cidade era um oásis que ficava no antigo trilho espanhol que ai em direção a Los Angeles. Em 1890 foram construídas ferrovias que iam para lá, e uma pequena vila começou a se formar, mas foi em 1931 quando a legislação de Nevada formalmente legalizou os jogos que a cidade começou crescer.

Em 1946 é inaugurado o Flamingo Hotel, o início da maior cidade voltada ao entretenimento que a humanidade já viu, construída em um local inóspito, aos poucos se tornou uma das localidades mais procuradas no mundo. A cidade não para de crescer a medida que novos estabelecimentos milionários são construídos, os maiores hotéis, os grandes eventos, as maiores produtoras estão lá. E é nesse clima que Baudrillad discursa sobre o jogos e a realidade de Las Vegas cria.

"A afinidade secreta entre o jogo e o deserto: a intensidade da jogatina reforçada pela presença do deserto em volta da cidade. O frescor do ar-condicionado dos salões de jogos, em contraste com o calor radiante do lado de fora. A insistência de todas as luzes artificiais no afã de superar os raios solares. Noites de jogos iluminadas pela luz solar por toda a parte; a escuridão brilhante dessas salas no meio do deserto. O jogo por si possui a natureza do deserto, inumano, inculto, inicial, um desafio à economia do valor natural, uma atividade insana no limiar do comércio. Mas possui um limite estrito e para abruptamente; suas fronteiras são exatas, sua excitação não conhece a confusão. Nem o deserto nem o jogo são áreas habitáveis; seus espaços são finitos e concêntricos, com intensidade crescente à medida que se aproxima do interior, rumo à um ponto central, que está no espírito do jogo ou no coração do deserto - um espaço restrito, imemorial, onde as coisas perdem suas sombras, onde o dinheiro perde seu valor, e onde a extrema raridade das trilhas-marcadas-com-pão levam os homens a verem a instantaneidade da riqueza".

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